quarta-feira, 2 de julho de 2008

Com Peso e Medida

De acordo com Maria José Morais Pereira, a questão da indisciplina nas escolas e no ambiente familiar é um processo onde estão envolvidos os professores, alunos e pais e que já vem de muitas décadas atrás.
Ela salientava que conviveu com muitas histórias contadas com a sua mãe que exercia a profissão docente. No seu dia a dia referia-se a certos alunos como incompetentes, enquanto os outros alunos ela referia como verdadeiros heróis.
Segundo ela, era atribuído o título de “óptima professora” a quem pratica-se o castigo físico e moral. Este tipo de comportamento era incentivado pelo director da escola que era da opinião: não dês beliscões ou reguadas, puxe o cabelo porque não deixa marcas.
Um episódio relacionado com este parágrafo foi o que me aconteceu enquanto frequentava a escola.
A determinada altura, a professora perguntou-me algo sobre a matemática que eu não sabia e qual o meu espanto ao ver que a professora pega um pedaço de madeira ao qual dava o nome de régua. A professora colocou-se à minha frente e violentamente deu-me dez reguadas em cada mão seguir mandou-me ajoelhar e pôr as mãos debaixo dos joelhos, desde desse dia fiquei aterrorizada cada vez que entrava na sala de aula.
A forma como era atribuído o título de “óptima professora” deu a Maria José Morais Pereira que pensar e foi-se questionando sobre a indisciplina.
Desta forma começou a sua pesquisa baseada em estudos académicos.
Entre estes estudos encontra-se um feito por Castro e (1994), onde referia que os alunos, muitas vezes são alvo das variações de humor dos professores.
Refiro outro importante estudo sobre a indisciplina que é o do sociólogo Durkheim que foi reconhecido nos meios académicos e o qual foi testemunhado por Afonso, em 1991, nele referia Durkheim que a disciplina é o espelho de hábitos adquiridos; esta mesma é muito útil para o indivíduo e sociedade, já que sem ela não seríamos futuros cidadãos que sabiam respeitar o meio em que se desenvolvem.
A família, na minha opinião é o primeiro alicerce onde o indivíduo dá os primeiros passos para adquirir a experiência necessária para a sua vida social.
Na minha opinião a falta de bons resultados na indisciplinada deve-se à aplicação recorrente do mesmo castigo pois assim a pessoa que pratica o acto já sabe de antemão o que lhe vai acontecer.
Perante a indisciplina teremos de adaptar estratégias para pôr em prática e nas quais não deve entrar a imposição de poder, mas sim o diálogo e procurar a causa do mau comportamento.
A punição não deverá fazer com que o individuo se sinta humilhado, nem confundido, mas sim levá-lo a reflectir sobre o seu comportamento e que por ele próprio reconheça o acto em si.
Estudos feito por Boudieu enfatizam que as nossas acções são a prática de resultados da trajectória social e utilizando palavras de Durkheim cita:
“Em cada um de nós, em proporções variáveis, há o homem de ontem e o mesmo homem de ontem que, pela força das coisas, está predominantemente em nós, posto que o presente não é senão pouca coisa comparado a esse longo passado no curso do qual nos formamos e de onde resultamos”.
O facto de um individuou ter tido uma educação autoritária não quer dizer que será um adulto também autoritário. Em muitos lares nem sempre são os pais em conjunto que exercem a autoridade, no caso que refiro Boudieu (1974) foi o de Helena e Maria das Graças e que chegaram exercer a docência Helena referiu: “minha mãe mandava e a gente obedecia gostasse ou não gostasse. Minha mãe batia, batia mesmo, aprendi a tabuada com vara na perna”.
Já Maria das Graças referia:”Meu pai era muito bravo. A gente tinha de aceitar as normas da casa. Tinha de aceitar. Na época da nossa criação era tudo imposto, tinha de aceitar”.
Deste modo, as duas professoras relatam não só a sua vivência familiar, mas também enquanto alunas tinham de se adaptar à disciplina rígida que lhes era imposta e a qual deram o nome de “obediência cega”.
Antigamente, a disciplina era imposta pelo professor, que era autoridade dentro de sala de aula. Segundo o testemunho de Maria das Graças na sala de aula existia o militarismo. Mas nem tudo foi negativo, como salienta Helena, a “minha professora era muito brava, muito exigente, mas carinhosíssima.
As recordações que eu tenho dela são as mais gostosas”.
Na minha opinião, os papéis inverteram-se. Hoje em dia quem manda na sala de aula são os alunos, isto se deverá ao facto de que os pais de hoje foram os alunos de ontem e não querem que os filhos passem o mesmo que eles.
Contudo deveria ser visto em que a indisciplina chegou ao limite nos dias de hoje. O adolescente tem que cumprir as regras que lhes são impostas na escola e seio familiar, sempre com equilíbrio, porque assim formaremos adultos responsáveis que de uma forma justa consigam alcançar os seus objectivos na vida sem prejudicar ninguém.

Maria Celeste Pereira Pedroza

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